Estudantes guineenses retidos em Lisboa a viver em condições precárias e obrigados a beber água das casas de banho.
A Rádio TV Bantaba teve acesso, através da página oficial do deputado guineense Siga Batista, a declarações sobre a situação de 41 estudantes da Guiné-Bissau que permanecem há mais de 48 horas retidos no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, Portugal, em condições consideradas precárias.
Segundo o parlamentar, “os nossos jovens que estão barrados no aeroporto de Lisboa não são bandidos”. Batista sublinha que os estudantes cumpriram todos os requisitos exigidos pelo Governo português para a obtenção de vistos em Bissau, mas, à chegada a Lisboa, foram confrontados com novas exigências inesperadas.
O deputado questiona diretamente as autoridades portuguesas: “Queria fazer uma pergunta ao Governo português, como deputado da Nação: existem dois requisitos? Um que é pedido na Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau e outro, diferente, quando alguém chega aqui em Portugal?”
Entre as exigências apontadas pelas autoridades aeroportuárias estão o termo de responsabilidade e a comprovação de dinheiro de bolso, documentos que, segundo Siga Batista, não constam como requisitos durante o processo de visto em Bissau. Alguns familiares deslocaram-se ao aeroporto para apresentar esses documentos e assinar termos de responsabilidade, mas, mesmo assim, os estudantes continuam impedidos de entrar em território português.
O deputado descreveu ainda a situação como desumana, afirmando que desde sexta-feira, quando foram retidos, os estudantes não tiveram acesso a água potável: “Eles foram beber nas casas de banho, que não é água apropriada para consumo”.
Siga Batista criticou também o silêncio das autoridades da Guiné-Bissau, considerando-o incompreensível perante a gravidade do caso. Sublinhou, no entanto, que os estudantes têm recebido apoio de familiares, deputados e da associação de estudantes, a quem elogiou pelo “grande trabalho” que têm realizado no acompanhamento da situação.
O parlamentar alertou que, mesmo que venham a ser libertos, os jovens podem carregar sequelas psicológicas com impacto direto no prosseguimento dos estudos. Acrescentou ainda que circulam rumores de que alguns terão sido coagidos a assinar documentos de interrogatório ou autos de declaração, facto que considera suficientemente grave para justificar uma averiguação judicial: “É bom encaminhar esse problema para tribunal para averiguarmos o que está mal”.
Batista denunciou ainda alegadas discriminações: “Eles vieram com algumas nacionalidades que não foram barradas, mas só os guineenses ficaram retidos”.
Por fim, o deputado apelou à intervenção urgente das autoridades nacionais e internacionais: “Amanhã, junto com a associação dos estudantes, iremos ao Alto Comissariado para a Migração, à Cruz Vermelha e à Embaixada. Faremos tudo, daremos tudo para tirar estes meninos daqui, que estão a ser tratados como se fossem bandidos. É uma situação em condições sub-humanas, que não se coaduna com a longa relação entre Portugal e a Guiné-Bissau”.
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