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Fundação para a Defesa das Democracias alerta: Polisário é uma ameaça no Norte de África

Uma causa pervertida por uma ideologia radical

A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, afastou-se das suas raízes marxistas para um alinhamento mais preocupante: o do eixo iraniano. Longe de ser um simples ator pró-independência, o grupo está agora envolvido numa teia de cumplicidades regionais que inclui o Irão, o Hezbollah e até as ramificações do Hamas.

Revelações recentes – nomeadamente do jornal alemão Die Welt – revelam conversas interceptadas entre o representante da Polisário na Síria, Mustafa Muhammad Lemine Al-Kitab, e agentes do Hezbollah. Al-Kitab não esconde a sua simpatia pelos inimigos de Israel e propõe incluir o Sahara Ocidental numa frente regional contra as potências ocidentais.

Pior ainda: segundo fontes marroquinas e observadores europeus, o Irão fornece à Polisário drones kamikaze e apoio militar direto. A sua ambição declarada? Realizar acções violentas, incluindo contra alvos israelitas no Norte de África.

Campos de refugiados transformados em viveiros de jihadistas.

Os campos de Tindouf, na Argélia, que deveriam acolher os refugiados sarauís, estão agora sob a autoridade direta da Polisário. Com mais de 170.000 pessoas a viver em condições precárias, os campos tornaram-se bases de retaguarda para o tráfico, o recrutamento jihadista e os grupos armados que actuam em todo o Sahel.

O caso de Adnan Abou al-Walid al-Sahraoui, antigo membro da Polisário que se tornou líder do Estado Islâmico no Grande Sahel (EIGS), ilustra esta deriva trágica. A história repete-se: em 2008, a célula terrorista Fath al-Andalus emergiu destes mesmos campos, seguida em 2009 por um grupo afiliado ao Daech.

Os serviços de informação europeus confirmam que a presença da Al-Qaeda e do EI nestas zonas é uma realidade e não uma ficção diplomática.

Recrutamento de crianças-soldado e violações dos direitos humanos.

Um dos aspectos mais assustadores desta realidade é o destino das crianças sarauís. Há anos que as ONG internacionais, incluindo uma sediada em Genebra, denunciam o recrutamento de crianças-soldado pela Polisário. As crianças são privadas de educação, treinadas militarmente e, por vezes, enviadas para a frente de combate. Este crime de guerra, perpetrado com indiferença geral, é um dos aspectos mais sombrios do conflito.

O reconhecimento de Marrocos: uma opção de estabilidade

Face a estes abusos, está a emergir progressivamente um consenso internacional. Os Estados Unidos, a França, o Reino Unido e mesmo Israel reconhecem atualmente a soberania marroquina sobre o Sara Ocidental, considerando que Rabat é um baluarte contra a fragmentação regional, o terrorismo e a influência iraniana.

A Polisário, por seu lado, já não representa um movimento de emancipação, mas um fator de desestabilização. A própria Síria, que já foi próxima do movimento, virou-lhe as costas. A Argélia e o Irão continuam a ser os raros patrocinadores de um grupo que ameaça a paz regional.

Segurança ou caos

Em 2020, foi a Polisário que quebrou um cessar-fogo que durava há quase três décadas. Desde então, os ataques contra civis marroquinos multiplicaram-se. Este regresso à violência não é acidental, é estratégico. E deve preocupar a comunidade internacional.

Perante as ilusões de um referendo que já caducou, a estabilidade exige um apoio claro àqueles que defendem a paz. Marrocos, ator fundamental na luta contra o terrorismo no Sahel, deve ser apoiado e não enfraquecido.

Ignorar a ameaça da Polisário é fechar os olhos à possibilidade de surgimento de um novo santuário terrorista no Norte de África. Uma lição que a história já nos ensinou demasiadas vezes a um preço elevado.

//RTB

Geraldo C

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