Reuters
LONDRES/DAKAR, 14 de agosto (Reuters) – A União Africana manifestou apoio a uma campanha que pretende pôr fim à utilização, por governos e organizações internacionais, do mapa-mundo de Mercator, criado no século XVI, defendendo a adoção de um modelo que represente com maior precisão a dimensão real de África.
Criada pelo cartógrafo Gerardus Mercator para fins de navegação, esta projeção distorce as dimensões dos continentes, ampliando as áreas próximas dos polos, como a América do Norte e a Gronelândia, e reduzindo o tamanho de África e da América do Sul.
“Pode parecer apenas um mapa, mas, na realidade, não é”, afirmou à Reuters a vice-presidente da Comissão da UA, Selma Malika Haddadi, acrescentando que a projeção de Mercator transmite a falsa ideia de que África é “marginal”, apesar de ser o segundo maior continente do mundo em área, com 54 países e mais de mil milhões de habitantes.
Segundo Haddadi, tais distorções influenciam a comunicação social, a educação e as políticas públicas.
Embora as críticas ao mapa de Mercator não sejam novas, a campanha “Correct The Map” (Corrigir o Mapa), liderada pelas organizações Africa No Filter e Speak Up Africa, reacendeu o debate, defendendo a adoção da projeção Equal Earth, criada em 2018, que procura refletir com mais fidelidade as dimensões reais dos países.
“O tamanho atual do mapa de África está errado”, afirmou Moky Makura, diretora executiva da Africa No Filter. “Trata-se da mais longa campanha de desinformação e má-informação do mundo, e simplesmente tem de acabar.”
Já Fara Ndiaye, cofundadora da Speak Up Africa, sublinhou que a projeção de Mercator afeta a identidade e o orgulho dos africanos, sobretudo das crianças que têm contacto com este mapa desde cedo na escola.
“Estamos a trabalhar ativamente para promover um currículo escolar em que a projeção Equal Earth seja o padrão em todas as salas de aula africanas”, disse Ndiaye, acrescentando esperar que também seja adotada por instituições globais, incluindo as sediadas em África.
Haddadi afirmou que a UA apoia a campanha, destacando que esta se enquadra no objetivo de “restituir a África o seu devido lugar no cenário mundial”, num contexto de crescente apelo a reparações pelo colonialismo e pela escravatura.
A UA irá promover a adoção alargada deste mapa e discutir ações conjuntas com os Estados-membros, adiantou.
A projeção de Mercator continua a ser amplamente utilizada, inclusive em escolas e empresas de tecnologia. Em 2018, o Google Maps deixou de usar a projeção de Mercator na versão para computadores, substituindo-a por um globo 3D, embora permita aos utilizadores regressar à projeção antiga. Na aplicação móvel, porém, o Mercator continua a ser o padrão.
A campanha “Correct The Map” quer que organizações como o Banco Mundial e as Nações Unidas adotem a Equal Earth. Um porta-voz do Banco Mundial afirmou que já utilizam a projeção Winkel-Tripel ou Equal Earth para mapas estáticos e que estão a eliminar gradualmente o uso do Mercator nos mapas online.
Segundo a campanha, foi também enviado um pedido ao organismo geoespacial da ONU, UN-GGIM. Um porta-voz das Nações Unidas indicou que, assim que o pedido for recebido, terá de ser analisado e aprovado por um comité de peritos.
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